sexta-feira, 31 de maio de 2013

Vigia silenciosa

Uma antiga estátua olha serenamente Matosinhos... 

Foto: Iago C.S. Passarelli, 2013

A elegante estátua francesa que se destaca por sua imponência no centro da praça de Matosinhos, em épocas recuadas peregrinou a outros pontos da cidade. Entre eles, sabidamente, no Morro da Forca (Bairro Bonfim) e como bem me alertou o pesquisador Francisco José de Resende Frazão, também no Largo do Rosário, antes de 1915, época em que foi assentado no mesmo lugar que ocupava a herma do Padre José Maria Xavier, que até hoje ali se encontra.  O pesquisador supra me ofertou gentilmente uma antiga foto que  mostra a "Deusa Ceres" diante do Rosário e que abaixo reproduzo com adaptações: 




É fato conhecido que o lampião-chafariz do Largo do Carmo (de 1887, providenciado pela Câmara Municipal) tem a mesma origem da estátua-chafariz de Matosinhos, monumento que supostamente é seu coetâneo. Aliás, as bacias e faunos são idênticas:


O mesmo pesquisador supra me alertara com perspicácia que uma confrontação estilísticas leva a aproximar os dois chafarizes supra de dois outros desta cidade, hoje apenas lampiões desprovidos da bacia, idênticos entre si e hoje situados ao lado da Prefeitura Municipal em humilde jardim, ora em processo de revitalização, junto à Avenida Hermillo Alves:

Fotos: Ulisses Passarelli, 2013

O da parte superior do jardim (mais próximo à Ponte da Cadeia) ficava originalmente no Largo da Câmara, de que o pesquisador citado cedeu-me antigas fotos, conseguida com o ilustre Silvério Parada, que pode ser vista abaixo:



O da parte inferior do jardim ao lado da prefeitura situava-se na Praça Nossa Senhora de Fátima (antiga Estalagem), no Bairro Tijuco e estava em situação de conservação muito precária tendo sido remendado até com pedaços de madeira na ocasião do translado para o lugar atual. Desconheço fotos antigas do tempo que esteve na Estalagem.

Informações orais transmitidas pelo colaborador supra-citado dão conta de que a transferência para a lateral da prefeitura de ambos se deu na administração do Dr. Milton Viegas (fins da década 1960 e começo da seguinte) que teve papel importante nas ações culturais da cidade.
Serão esses dois chafarizes/lampiões também da Val d'Osne? Está aí mais um veio aberto à investigação ...

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: conforme legenda e esclarecimento textual



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma contribuição para a história dos congados

Lista de congados desativados em São João del-Rei: zona urbana


01- Congo – Rua das Flores (atual Maestro Batista Lopes), Bairro Tijuco – Capitão João Lopes (primeira metade do século XX)

02- Congo - Rua São João, Bairro Tijuco – Capitão José Francisco (idem)

03- Congo - Águas Férreas, Bairro Tijuco – Capitão Geraldo Elói de Lacerda (segunda metade da década de 1980)

04- Moçambique bate-paus - Bairro São Dimas – Capitã Márcia Aparecida Lopes (ano 2000-2001) Grupo infantil, formado por meninas chamava-se “Frutos do Rosário”. 

05- Moçambique Bate-paus - Rua do Ouro, Bairro Alto Das Mercês – Capitão Tadeu Nascimento de Sousa. Teve duas fases. Surgido com o nome de “Mãe Joana D’Arc”, era composto por adultos (1997-1999). Depois de um ano desativado, foi recomposto pelo mesmo capitão com crianças, com o nome de “Anjos do Rosário”. Porém com apenas um ano o grupo infantil também se dissipou.

06- Mocambique / Catupé – Vila Nossa Senhora de Fátima (Matosinhos), Capitão “Geraldão”. Guarda mista, inicialmente com predomínio de Moçambique, quando de sua fundação pelo Capitão “Geraldão”, na década de 1950, e depois com maior tendência para o Catupé, pelo seu continuador, o Capitão “Zé Tita”, que morava na Horta Velha (Bom Pastor de Baixo, Matosinhos). Teve também ajuda do Capitão “Chico Zacarias”. Suas atividades vieram ao que parece até meados da década de 1980. 

07- Catupé - Alto das Mercês - Guarda "Nossa Senhora das Mercês" - Capitão Wilson Bernardino. Grupo de vida efêmera, que esteve ativo entre 2007 e 2008. 

08- Catupé - Bairro São Dimas - Guarda "Nossa Senhora do Rosário" - Capitão Raimundo Marino da Silva ("Raimundo Camilo"). Este congado surgiu na Rua Bárbara Eliodora, em 1962, sob a capitania de seu pai, o célebre Capitão de Congado José Camilo da Silva. Inicialmente contou com grande apoio do também Capitão Valdemar Fagundes, o mesmo que fora capitão no distrito de São Gonçalo do Amarante. Este grupo teve atividade ininterrupta até 1992, tendo formado importantes capitães para a cidade, com destaque para Raimundo Camilo, Luthero Castorino da Silva, Matosinhos José Eustáquio e Luís Carlos Rosa. Em 1994 faleceu José Camilo e o grupo só foi reativado em 1998, reunindo os antigos capitães, com primeira apresentação pública na Festa do Divino daquele ano e se manteve ativo por mais dez anos, quando encerrou as atividades. Raimundo faleceu em 2013. 


Lista de congados desativados em São João del-Rei: zona rural


01- Congo, Povoado da Canela, Capitão “Procópio da Maria Joana”. Grupo nos moldes do que ainda existe no Rio das Mortes, com o qual tinha franca colaboração e vice-versa, tanto que, desaparecido o da Canela, aquele continuou a fazer a festa do povoado, sempre em novembro. 

02- Catupé, Localidade de Mestre Ventura, Capitão “Saturnino”. A minúscula povoação só existia em função da estação férrea que ali havia, ao longo da “Linha do Sertão”, da Estrada de Ferro Oeste de Minas, km 127, inaugurada na década de 1930. Com a erradicação dos trilhos (década de 1980), o lugar tão isolado e sem outra perspectiva econômica, se esvaziou e hoje se resume a apenas duas fazendas. Tudo o que restou da estação são os vestígios da plataforma de pedra e a velha caixa d’água. Saturnino seria natural do então distrito de Conceição da Barra onde tinha sua guarda, mas mudou-se para Mestre Ventura onde montou esse pequeno Congado. Dizem que era rixento e que mesmo sem convite, querendo participar com seu Congado na Festa do Rosário da vila de São Gonçalo do Amarante numa época em que apenas o Congo local a fazia, para lá marchou com sua turma, mas logo à entrada teve de fazer meia volta pois seu grupo foi banido por um enxame de marimbondos, que ali os aguardava às custas de rezas fortes arranjadas pelo famoso capitão José Fagundes, do Congo da vila. Ao que parece, foi o fim deste Catupé. 

03- Moçambique bate-paus, Caquende. Esta informação devemos ao eminente pesquisador José Antônio de Ávila Sacramento. Em seus esforços em prol da memória, história e cultura distritais, informou, e o reproduzimos dado o valor do registro: "Até os anos 1970 morava no povoado o Sr. Raimundo Marçal; ele e os seus filhos Ozair, Ozanan e Ozanir reuniam crianças para uma dança chamada "Moçambique". Vestiam-se de branco e o ritmo era marcado através dos sons de guizos presos aos seus tornozelos e das batidas de pedaços de pau." (*)

Congo das Águas Férreas durante a Procissão de Nossa
Senhora Aparecida no Bairro Guarda-mor, em 1983. 

Moçambique do Capitão Tadeu, recolhendo reinado na Festa do Rosário
do Bairro São Geraldo, no Salão do Araçá, em 1997. 

Catupé do Capitão Raimundo Camilo, recolhendo reinado na
Festa do Divino de 1998, Bairro Matosinhos, São João del-Rei. 

Notas e Créditos

* SACRAMENTO, José Antônio de Ávila. Caquende. Jornal de Minas, n.125, ano 10, 28/05 a 03/06/2010, p.2. São João del-Rei. 
** Texto: Ulisses Passarelli, 08/07/2008. 
*** Fotos: congo das Águas Férreas, autor não identificado; moçambique da Rua do Ouro e catupé de Raimundo Camilo, Ulisses Passarelli 
**** Ver também sobre este assunto: História dos Congados

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ritual de Coroação do Imperador


O ritual de coroação do novo Imperador do Divino transcorria de formas diferentes a cada ano, algumas vezes conforme idéias novas do escolhido. Em 2011 o então presidente da Comissão do Divino, Nelson Domingos de Abreu solicitou-me formatar o ritual e disto lhe entreguei o esboço abaixo, que prevê local exato para assento, entrada solene, ato de descoroação, coroação e aclamação. Foi-lhe dada total liberdade de descartar esta sugestão ou de adaptá-la como melhor conviesse. Com pequenas adaptações de ordem prática foi seguido desde então. Segue-se abaixo, conforme o original. 

*  *  *

1- Toda a orientação do ritual compete a um Mestre de Cerimônias, trajado de terno, ciente de cada detalhe e momento, sem interferência de outras pessoas e independente do Locutor Sacro, embora suas ações estejam sincronizadas.

2- Todos os imperadores se trajarão de terno completo (ex e atuais) e deverão ter um comportamento irrepreensível, mantendo a compostura, respeito e silêncio no santuário.

3- Para a celebração os ex-imperadores entrarão em fila dupla, antecedendo os atuais.

4- Seguem os atuais, cercados pela Guarda de Honra.

5- Os imperadores atuais (coroado e eleito) tem assento junto ao altar, no lugar de costume, tendo à sua frente uma mesinha forrada de toalha e sobre ela será posta a salva. Também deve haver dois genuflexórios.

6- Ex-imperadores tem assento na primeira fila, no eixo principal da nave central, à direita de quem entra (lado contrário da orquestra).

7- Após os imperadores atuais se sentarem os ex-imperadores se sentarão também, seguidos da Guarda de Honra que assentará junto aos ex-imperadores.

8- No momento da Consagração o Imperador Coroado tira a coroa da cabeça e a põe sobre a salva. Ele e o Imperador Eleito ajoelham-se no genuflexório. Após a Consagração se levantam e permanecem de pé e então recoloca a coroa sobre a cabeça.

9- Na Ação de Graças o Imperador Eleito e o Coroado irão para a entrada principal do santuário. Os ex-imperadores formarão fila dupla diante do altar.

10- A entrada dos imperadores se dará em duas etapas:

-          primeiro: entra o Imperador Coroado, passa pelo abre-alas dos ex-imperadores e sobe ao altar. Cumprimenta o celebrante. Ele mesmo retira a coroa e a põe sobre a salva, que estará com o Mestre de Cerimônia. A seguir entrega-lhe o cetro, que será atravessado na coroa. O Mestre de Cerimônia põe as insígnias sobre a mesinha e volta para ajudá-lo a retirada da capa e por fim da faixa, pendendo-as no genuflexório.

-          A seguir entra o Imperador Eleito e vai até o altar. O Mestre de Cerimônia põe-lhe a faixa e a seguir a capa. O novo Imperador ajoelha no genuflexório enquanto o celebrante asperge água benta sobre as insígnias e a seguir o coroa. Ao levantar-se recebe o cetro. A salva permanece sobre a mesinha. É cumprimentado pelo Padre e Mestre de Cerimônia.

11- Nesse momento todos os ex-imperadores voltam aos seus lugares e o novo imperador é apresentado à aclamação dos fiéis.


*  *  *

É de praxe ao término da bênção do padre todos os imperadores de anos anteriores virem saudar o novo, recém-coroado, bem como, familiares, parentes, amigos e até curiosos. É um momento especial, de grande fraternidade. Abaixo algumas fotos que revelam o Mestre de Cerimônias pondo-lhe a capa, o Bispo Diocesano coroando e um imperador de ano anterior saudando-lhe com um abraço. 






Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: Iago C.S.Passarelli, 20/05/2013 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Folia da Rua São João

                                       


"Folieiro caminhando,
com o Divino Espírito Santo!"

Folia do Divino da Rua São João, Bairro Tijuco, São João del-Rei/MG. 
Folião: Antônio Ventura. 
Procissão do Imperador Perpétuo, Festa do Divino.

Notas e Créditos

* Gravação: Ulisses Passarelli, 18/05/2013.
** Edição: Iago C.S.Passarelli. 





quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ceres... Que estátua é esta?

Chafariz de Matosinhos: incógnitas...


No centro da Praça de Matosinhos um belo monumento metálico oitocentista, jaz esquecido de maiores cuidados. É um chafariz que a muito tempo não jorra água, encimado por uma misteriosa estátua que recentemente tem suscitado discussões variadas, instigando os pesquisadores a reescrever sua história, calcada em novas pesquisas e reflexões.




Tradicionalmente é chamada “Deusa Ceres” em São João del-Rei/MG. Ora, em Valença/BA, há uma estátua-chafariz absolutamente idêntica, fundida na mesma fôrma, igualmente chamada Deusa Ceres.

Na mitologia romana, Ceres era a Deusa da Agricultura, filha de Saturno e Cibele. Simbolizava o amor maternal e dava força ao crescimento das plantas. Teve com seu irmão Júpiter, uma filha chamada Prosérpina, que esposando Plutão, foi parar no inferno. Uma das versões diz que no desespero, Ceres clamou a Júpiter pelo retorno da filha, mas sendo impossível só lhe foi concedido estar com ela durante uma quadra do ano, justo no inverno, quando então, Ceres recolhia seus poderes e os campos de cultivo descansavam, sem plantio e sem colheita.



         Alguns elementos históricos dessa estátua em São João del-Rei estão a merecer maior esclarecimento:

- qual a sua data exata: 1887 como se tem dito? Onde está a comprovação?
- foi mesmo a Câmara Municipal que a encomendou? Onde está o documento? Qual seu valor financeiro? Como chegou aqui?
- quais os detalhes de sua saída de Matosinhos e depois seu retorno?
- ela é mesmo representativa da deusa romana?

         Não faz muito, Antônio Gaio Sobrinho em artigo contrariou a origem direta de Turim, Itália, ao trazer a público a existência de uma pequena inscrição “Val d’Osne”, referente à famosa fundição francesa.


Meu trabalho de pesquisas sobre Matosinhos já estava pronto quando as discussões começaram e chegaram até mim colaborações de pesquisas de Flávio Frigo e Francisco José de Rezende Frazão, que muito contribuíram para as novas reflexões e considerações sobre este monumento. As novidades puxaram novas consultas à internet, ora apenas pinceladas, mas obrigando em futuro próximo a reescrever toda a história deste monumento. Fica consignada minha gratidão à confiança destes estudiosos de nossa história.


         A arte da estátua francesa neoclássica, existente no Bairro Matosinhos é devida a Mathurin Moreau (Dijon, 1822 - Paris, 1912), um artista pleno, de traços acadêmicos, com muitas obras espalhadas no novo e velho mundo. A estátua tem a inscrição da fundição Val d'Osne, onde trabalhava o artista supracitado, na região metalúrgica do Alto Rio Marne, em Champagne-Ardenne, que no período oitocentista celebrizou-se na fabricação de peças primorosas: Sociètè anonyme des hauts-fourneaux et fonderies du Val d'Osne.



         Elementos decorativos evocam o ambiente natural dos faunos de cuja bocarra escancarada jorrava água: folhas paludícolas, juncos e uma cobra devorando rã, possível símbolo agrário da renovação da vida. Ainda mais, um elemento chama a atenção: uma flor, compatível com uma magnólia, símbolo da femininidade, inspiração de delicadeza e beleza.


         Mesmo em São João del-Rei uma outra peça da mesma fundição pode ser vista: seca, sem jorrar água, um chafariz-lampião com quatro carrancas de fauno, idênticas às de Matosinhos, enfeitam o centro do Largo do Carmo, em pleno centro histórico.



         Frazão me alertara que outras peças históricas existem em São João del-Rei com semelhança estilística aos monumentos da Val d’Osne na cidade, quais sejam, os dois lampiões que hoje ladeiam o jardim anexo à Prefeitura Municipal, na Avenida Hermillo Alves.



         Segundo seu comunicado pessoal foram para aí trazidos na gestão do prefeito Milton Viegas, do Largo da Câmara e da Estalagem (Praça Nossa Senhora de Fátima, Bairro Tijuco), este já em precário estado de conservação, demandando enchimentos em madeira para recomposição.

         O mesmo informante e estudioso supra, em sinal de amigável confiança, afirmou-me, baseado em fotografia de época, que a estátua “de Ceres” ou que outro nome tenha, esteve antes de 1915 no Largo do Rosário, bem onde, até hoje se encontra o busto do exímio compositor musicista Padre José Maria Xavier, aliás o primeiro da cidade, instalado justo nesse ano.


         É sabido que a estátua de Matosinhos esteve também por certo período fora do bairro, transferida para o Morro da Forca (Bairro Bonfim). Mas não localizei a data de seu translado.

         Peças literalmente idênticas à de Matosinhos estão no Rio de Janeiro (Passeio Público, entre a Lapa e a Cinelândia) e em algumas cidades espanholas, italianas e francesas, às vezes com quatro bacias de água.



         Em alguns lugares fixou-se com o nome de Ceres (a exemplo de Valença/BA)[1], noutros, como uma alegoria do verão, fazendo conjunto com outras estátuas representando as demais estações[2]. A estátua pode ser também interpretada como figurativa de um jovem, ou seja, com características masculinas[3]. Na Espanha, de iconografia idêntica à nossa é chamada “Segadora”[4] em Montoro e Vegadeo, além de Avilés (Astúrias), ressaltando o caráter feminino da estátua. Este nome é uma referência ao seu arco de ceifar trigo (segadeira).

         A elucidação concreta passará necessariamente pelo catálogo de peças da fundição. Afinal, mesclando características femininas e masculinas, segundo o ponto de vista, a estátua representa o quê de fato: a Deusa Ceres, o verão, uma segadora ou um jovem trabalhador rural, um rapaz camponês? As peças feitas nesta fôrma eram vendidas com que nome pela Val d’Osne? Aguardando as respostas a estas incógnitas, as pesquisas devem prosseguir.

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias e montagens fotográficas: Iago C.S. Passarelli, 2012 e 2013.
*** Outras fontes sugeridas à consulta na web:



[3] GAIO SORBRINHO, Antônio. Seria mesmo a deusa Ceres? O Grande Matosinhos, n.98, maio/2012.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Festa do Divino e o alimento

Em suas raízes judaicas a festa pentecostal se ligava às colheitas e por conseguinte à fartura do alimento. Este sentido passou aos festejos católicos do Espírito Santo ainda em Portugal, de o recebemos pela transmissão dos colonizadores ibéricos. 

Congados ao redor da mesa do café na Festa do Divino de São João del-Rei. 

De norte a sul do país a Festa do Divino tem dentre seus componentes uma profunda ligação com alimento. O ato de servir almoço, lanches, café nos festejos do Espírito Santo é uma realidade comum em muitas festejos ao Paráclito. 

Refrigerantes matam a sede de congadeiros no jubileu. 

O momento da alimentação é também o instante de se confraternizar. Estando os congadeiros fora de forma sentem-se à vontade para o diálogo, congraçamento e troca de experiências. 

Moçambiqueiros de Divinópolis / MG 
em círculo ou deitados relaxam na cesta ... 

Movimento, alegria, colorido, musicalidade, 
algaravia de vozes se mesclam no salão do almoço. 

As muitas dificuldades de se por em prática tão grande desafio não desanimam contudo os festeiros, que trabalham o ano todo para concretizar todas as atividades previstas para o jubileu. Equipes se alternam para recolher os alimentos, preparar, servir, limpar o espaço após o almoço. Aos dançantes é preciso repor as energias dispendidas nos labores da manhã festiva, pois, logo mais, uma longa caminhada os espera: em cortejo irão buscar o Imperador para a cerimônia de coroação ... 


Notas e Créditos 

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: Iago C.S.Passarelli, 2012. 
*** Veja também a apresentação de slides: ALIMENTAÇÃO.    

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Cavalgada do Divino

No próximo domingo, dia 12 de maio, toma as ruas de São João del-Rei / MG, a partir de Matosinhos, a Cavalgada do Divino. Um conjunto de cavaleiros sai da dianteira do santuário às 9 horas e desfila pelas ruas  sob a guia de um estandarte do Espírito Santo como abre-alas. A rua se colore de vermelho e branco com outras bandeiras menores que os cavaleiros levam. Um carro de som acompanha o cortejo, tocando músicas apropriadas à função.

Criada na primeira festa remodelada (1998), a organização da mesma já passou por mudanças diversas e por outros coordenadores. Mas uma pessoa em especial, que participa desde a primeira cavalgada, já se destacando pela imensa dedicação à causa, logo seu tornou seu coordenador, cargo no qual se mantém a pelo menos uma década: Josino Inácio do Nascimento, o popular "Jota". Esta postagem é dedicada a ele. Seus esforços merecem todo o reconhecimento.

Abaixo algumas fotos da edição de 1999 da Cavalgada do Divino, do fotógrafo João Hipólito. 

A Folia do Divino "Embaixada Santa" recepciona a Cavalgada do Divino na Avenida Leite de Castro.

Moradores armam na rua uma recepção à passagem da cavalgada. 

"Jota" entrega ao Imperador do Divino o estandarte, numa passagem pela Gruta do Divino.


Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: João Hipólito, 1999
*** Leia mais sobre a Cavalgada do Divino neste blog 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Festa do Divino: programação básica


Está chegando a Festa do Divino, um grande jubileu que acontece em São João del-Rei, no bairro de Matosinhos, no santuário do Sr.Bom Jesus. É um dos maiores eventos da região, que reúne muitas celebrações e atrativos culturais, grupos  que chegam para se apresentar ao Paráclito tanto da cidade quanto das redondezas. Acompanhe a programação e participe!

PROGRAMAÇÃO BÁSICA DA FESTA DO DIVINO 2013 - 09 A 19 DE MAIO
Santuário do Sr. Bom Jesus de Matosinhos - São João del-Rei / MG

Quadro do Mastro do Divino. 
Foto: Ulisses Passarelli. 

DIA 09: caixeiros visitam o Imperador em sua residência e o escoltam ao Salão de Santa Clara e daí ao santuário para acompanhar a celebração. Ao término da missa ocorre a entronização da Imagem do Divino aos pés do padroeiro. 

DIAS 10 a 18: celebração da missa às 19 horas, seguida da reza da novena de acordo com o seguinte esquema de romarias abaixo. Finalizada a parte religiosa acontecem shows no adro. 

10: Romaria dos Portadores de Necessidades Especiais
11: Romaria dos Desportistas e da Juventude
12: Romaria dos Comunicadores
13: Romaria dos Trabalhadores na Comunicação
14: Comunidades e Pastorais
15: Comunidades, Catequese, Coroinhas, Apostolado
16: Romaria dos Militares, Policiais, Trabalhadores na Cultura, Funcionários Públicos
17: Romaria dos Afro-descendentes 
18: Romaria dos Folieiros e da Comissão do Divino

* Destaques deste período: 
10: levantamento dos mastros a partir das 18 horas. Show de Ladinho e Oswaldo. 
11: Dança do Pilão e show com Edmilson Venturini.
12: Cavalgada do Divino, a partir das 09 horas. Coroação de N.S.da Lapa e Coral Coroinhas de Dom Bosco na missa das 19h. Após a novena, Show Ritmos. 
13: Show com Ednaldo Costa.
14 e 15: Som mecânico após as celebrações.
16: Show com Renato & Cipó.
17: Missa Inculturada, Retreta com a Banda Sinfônica do Santuário do Sr.Bom Jesus de Matosinhos e encontro de sanfoneiros (com Darcio e Cia.)
18: Procissão do Imperador Perpétuo (Santo Antônio) com a participação das Folias do Divino e Banda de Música de Santa Cruz de Minas. Missa com as folias e em seguida apresentações das mesmas no coreto.

Chegada da Procissão do Imperador Perpétuo 
com entrada das Folias do Divino. 2012.

Dia Maior - Domingo de Pentecostes - 19 de maio

06 horas: alvorada festiva
07 horas: missa festiva
08 horas: chegada dos congados
09:30 horas: Missa das Crianças (Capela de Santa Terezinha). Participação das Pastorinhas.
10 horas: Cortejo dos congados trazendo Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas. 
10:30 horas: Chamada do Reinado. Apresentações de Capoeira e Dança das Fitas. 
12:30 horas: Saudação dos congados a N.S. do Rosário na Capela de Santa Terezinha, seguida de Cortejo Imperial. Na chegada ao santuário, saudação aos imperadores. 
16 horas: Missa Solene celebrada pelo Bispo Diocesano. Ao término, coroação do novo Imperador. 
18 horas: Procissão do Divino Espírito Santo. Na chegada bênção do Santíssimo Sacramento. 
20 horas: descida dos mastros e despedida dos congados.
21 horas: show de encerramento, com Frei Zeca. 

*** 
Fonte: Informativo do Jubileu do Divino Espírito Santo -  Paróquia de Matosinhos, nº 16, maio/2013.
São João del-Rei / MG. Comissão Organizadora da Festa do Divino. 

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli.
** Fotos: quadro do mastro, Ulisses Passarelli; chegada da procissão, Iago C.S. Passarelli.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Congado de Barroso


Congado, Barroso/MG, ao lado da Estação de Chagas Dória,
em Matosinhos, durante a Festa do Divino. 05/06/2011. Canto:

"Ôh, beija-flor,
toma conta do meu jardim,
vou pedir Nossa Senhora
para tomar conta de mim!"

Notas e Créditos

* Vídeo: Maria Aparecida de Salles Passarelli
** Edição e acervo: Ulisses Passarelli

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Caixeiros do Divino


Caixeiros: conjunto de quatro batedores de tambor que anunciam
 a Festa do Divino na Quinta-feira da Assunção, 
visitam e escoltam o Imperador e fazem a alvorada no dia maior. 
Salão Comunitário da Conferência de Santa Clara, Matosinhos, São João del-Rei/MG. 


Notas e Créditos

* Texto, vídeo (2009) e acervo: Ulisses Passarelli