sábado, 28 de dezembro de 2013

Obras no Santuário


Alambrado.

Nova Capela do Santíssimo.

Nova sacristia. 

Atual altar-mor.

Piso antigo sendo removido.

Novo piso. 
 As imagens acima revelam novos aspectos físicos do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei, no final de 2013, sob a direção do pároco e reitor, Padre José Bittar, que tem envidado muitos esforços no sentido de trazer melhoramentos para esta igreja. 

Dentre outras ações merecem destaque a colocação de um alambrado resguardando o bloco dos fundos, onde funciona a catequese, o que limitou o trânsito livre contribuindo sobremaneira com questões de ordem e segurança; houve grande ampliação e melhoramento artístico e funcional na Capela do Santíssimo Sacramento e na sacristia, com a construção de anexos voltados para a retaguarda do templo; o desgastado piso antigo, original da construção da nova igreja foi trocado após uma intensa campanha popular, incluindo também melhorias no altar, ao centro, e do altar-mor. 

Este ganhou um novo aspecto que fez reunir as imagens antigas e do Sr. Bom Jesus, Divino e Virgem da Lapa, dando-lhes maior destaque e visibilidade.

Ao operoso pároco damos os parabéns, extensivo ao vigário, Padre Geraldo Sérgio França, e a todas as pessoas envolvidas neste trabalho. 

Notas e Créditos

* Texto e fotos: Ulisses Passarelli

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal !!!

O blog MATOSINHOS: história & festas deseja a todos os seus leitores um feliz e santo Natal e um excelente ano novo, repleto de paz, saúde, prosperidade e alegria. Que a divina providência e misericórdia guiem nossos passos e o espírito da concórdia reine nesta terra ferida. 

Doce de figo: sobremesa  típica do Natal. 

Presépio. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vila Santa Terezinha

A pesquisa histórica é profundamente dinâmica e conforme caminha vai preenchendo lacunas. A Vila Santa Terezinha, por exemplo, inclusa no Grande Matosinhos, é uma designação que se acreditava surgida junto com a igreja daquele lugar, por volta de 1945. Contudo, mostra o texto abaixo, transcrito do extinto jornal são-joanense Folha Nova, em sua edição nº7, de 17/04/1932, revela o real surgimento do bairro:

"O nosso amigo sr. Jesus Silva dividiu em lotes uma grande faixa de terreno em Chagas Dória, constituindo a Vila Santa Terezinha
A demarcação dos lotes foi confiada ao topógrafo-arquiteto Rossino Bacarini, que demarcou a Vila com três praças, oito ruas e quatro avenidas. 
A Vila Santa Terezinha tem água, luz, esgoto e ônibus. 
A planta do novo subúrbio será exposta dentro de dias, principiando então a venda de terrenos." 

Jesus Silva nomina uma rua estreita nos fundos do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, interligando as duas principais artérias de trânsito do bairro. Rossino Baccarini, migrante italiano, é um nome assaz conhecido na história da cidade, ligado à construção do coreto municipal e da capela da Santa Casa, duas belíssimas obras arquitetônicas de nosso patrimônio. Sua competência fica clara no plano deste loteamento, pela preocupação de multiplicidade de praças e vias. Também dá nome a uma rua, porém no Bairro Tijuco, beirando a margem esquerda do Córrego do Lenheiro.


Notas e Créditos

* Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli
** Para saber mais notícias sobre o crescimento urbano de Matosinhos acesse o link seguinte:  Arruamento 

domingo, 24 de novembro de 2013

Primeiro Encontro de Bandas de Música de Matosinhos

No dia 1º de setembro deste ano aconteceu em Matosinhos o primeiro Encontro de Bandas de Músicas, com vasta programação, reunindo as bandas são-joanenses Theodoro de Faria, a Salesiana Meninos de Dom Bosco, a Banda Sinfônica do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (promotora do evento), a Corporação Musical Aquiles Rios (do distrito de São Sebastião da Vitória) e a Corporação Musical Lira Santa Cecília (do distrito de São Miguel do Cajuru), além da banda da vizinha Santa Cruz de Minas, sob as bênção de São Sebastião, que a nomina. 

O encontro movimentou com intensidade o Largo de Matosinhos e agradou muito ao público, que lotou aquela praça. 

Este evento cultural deixou o gosto de quero mais e com certeza tem um grande potencial. Abaixo algumas imagens tomadas nesse dia.

Banda do Santuário de Matosinhos.

Banda do Cajuru.

Banda Salesiana.

Banda de Vitória.

Notas e Créditos

* Texto e fotos: Ulisses Passarelli

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Antigo Congado de Matosinhos


As fotos abaixo, mostram o congado do Bairro Matosinhos durante a Festa do Rosário no Bairro São Dimas (década de 1980 ?), em São João del-Rei. São foto de autor não identificado, anexadas ao acervo do Encontro Congadeiro nas Vertentes, gentilmente cedidas pela Sra. Celina Batalha, a quem este blog agradece. 

Quanto aos capitães: o primeiro capitão desta guarda foi "Geraldão", no fim dos anos cinquenta, quando tinha influências de moçambique. Mais tarde, numa segunda fase, com o capitão "Zé Tita", o grupo assume o padrão de catupé, que manteve até ser extinto, com o último capitão, "Chico da Sá Inês", ou "Chico Zacarias", que pode ser visto no recorte fotográfico abaixo, que fiz a partir da mesma fonte de origem. 



Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: oferta Celina Batalha, acervo do Encontro Congadeiro nas Vertentes
***Para ver outras imagens e informações deste grupo clique nos links abaixo: 


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma antiga subvenção

A noventa anos um jornal de São João del-Rei revelava uma interessante notícia, pelo menos para os padrões daquela época: uma ajuda financeira às festividades em Matosinhos, mostrando que a prática do apoio municipal é antiga. Por outro lado também denota a importância do festejo para o município, alcançando o merecimento dessa benesse. 


Transcrição:

"Resolução n.478, de 31 de março de 1923. Autoriza a auxiliar festividades e a adquirir um retrato a óleo. 
O povo do municipio de São João del-Rey, por seus representantes, decretou, e eu, em seu nome, sancciono a seguinte resolução: 
Art.1º - Fica o agente executivo autorizado a auxiliar, no corrente anno, com a quantia de 200$000 a cada uma, as festividades da Semana Santa e e do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, realizadas no districto da cidade." (Etc.)

Notas e Créditos

* Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli
** Fonte: A Tribuna, n.468, 15/04/1923. 
*** Acervo: Site da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Cruz Esquecida

Uma pequena cruz chantada na curva "reversa" da Ferrovia Oeste de Minas entre a estação central de São João del-Rei e a de Chagas Dória, em Matosinhos, nas imediações da Praça Pedro Paulo, marca o local de um acidente ferroviário acontecido a décadas.

Segundo a história oral, ali morreu uma pessoa. Originalmente era de madeira, mas apodrecida pela ação do tempo foi substituída por outra de ferro. Os ramos da corriola (Ipomoea) subindo na peça religiosa evocam a poesia de Castro Alves, "A Cruz da Estrada", que segue transcrita: 

Caminheiro que passas pela estrada,
seguindo pelo rumo do sertão,
quando vires a cruz abandonada
deixe-a dormir em paz na solidão!

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
que lhe atiras nos braços ao passar?
Vai espantar o bando buliçoso
das borboletas que lá vão pousar. 

É de um escravo humilde sepultura.
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura, 
que o Senhor entre as selvas lhe compôs. 

Não precisa de ti. O gaturamo
geme por ele à tarde no sertão,
e a juriti, do taquaral no ramo, 
povoa, soluçando, a solidão. 

Dentre os braços da cruz, a parasita, 
num abraço de flores, se prendeu;
chora orvalhos a grama que palpita; 
acende, o vaga-lume,  o facho seu. 

Quando à noite o silêncio habita as matas, 
a sepultura fala a sós com Deus...
Prende-se a voz na boca das cascatas, 
e as asas de ouro aos astros lá do céu. 

Caminheiro! Do escravo desgraçado
o sono agora mesmo começou!
Não lhe toques o leito de noivado,
há pouco a liberdade o desposou. 


Cruz à beira da ferrovia em Matosinhos

Notas e Créditos

* Texto e foto: Ulisses Passarelli, 1998. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Dois Causos de Matosinhos


(Ofereço com gratidão a José Cláudio Henriques)  [1]


           1- LUGAR ONDE O CACHORRO FALOU 

Dizem que fica na beira do Córrego da Água Limpa, limite do Grande Matosinhos. Logo se vê que foi um fato passado a muito tempo, quando suas águas ainda eram limpas... Lá pras bandas do lugar chamado Ouro Preto, onde os viajantes John Luccock[2] e Robert Walsh[3] comentaram no século XIX, de um velho dique – benfeitoria dos serviços de mineração de ouro – rompido pela força de uma enxurrada. Ali, na Fazenda Velha, diz que morou um rico senhor, dos mais miseráveis que já se viu.

      O ganancioso fazendeiro gostava de uma caçada e tinha seu cachorrinho fiel, que sofria de uma fome crônica, visível na sua magreza. Era pele e osso, como se diz.

      Certa feita o sovina caçou gordas codornas – seu prato predileto – e mandou uma escrava cozinheira prepará-las. Mãe Maria as fazia como ninguém. Seu tempero dava água na boca. Serviu-lhe. Se lambusava no comer, deliciando-se com o pitéu. E o pobre cão de caça, varado de fome, debaixo da mesa, babando, língua de fora, ofegante, olhos estatelados, rosnando de fome como que a implorar uma migalha, que o garrafinha recusava dar-lhe. Não fosse Mãe Maria que vez por outra às escondidas lhe dava algo, já teria morrido à míngua. Nem sequer os ossos lhe reservava. Guardava-os para torrar, moer e fazer farinha, que punha sobre o feijão. E o cachorro, vendo que nem sequer lhe restavam os ossos, arranjou voz e falou: “ô patrão... mas nem os ossos?”

      O homem desmaiou de susto. Acudiram. Ao acordar tratou fartamente do cão. Dizem que depois daquela lição inesperada melhorou de caráter, deixando de ser tão munheca para beneficiar os necessitados. E o local ficou conhecido como o lugar onde o cachorro falou.

Confluência do Cala-boca (direita) no Água Limpa (esquerda) 
em cujas proximidades teria se passado a estória acima narrada. 
São João del-Rei/MG.  

     2 - O CALA-BOCA

Este é o curioso nome de um ribeirão que também limita o Grande Matosinhos, desaguando no Água Limpa. Sua história ou estória está ligada a um triste assassinato. Foi nos idos da escravidão. Havia uma grande fazenda por lá, com muitos escravos e dentre eles uma mulata de uma beleza primorosa. O senhor tinha por ela uma espécie de capricho, um xodó, desejando-a e abusando sexualmente dela, à força e sob ameaças.

O caso se arrastava a bom tempo até que um dia a esposa do fazendeiro – a sinhá – descobriu a safadeza do marido, por meio da candonga de uma negra que não gostava da tal mulata. Revoltada, não pensou duas vezes. Logo que o marido saiu a cavalo para resolver um negócio, chamou um feitor – mal como o diabo – mandou que ele levasse a escrava para um grotão bem deserto e lá matasse a infeliz. E deu-lhe ordem de silêncio absoluto e que voltasse diante dela para informar o resultado. Assim foi feito.

A sinhá satisfeita e vingada diante do feitor determinou-lhe que calasse a boca sem jamais contar o fato. Do contrário, daria um jeito de eliminá-lo também.

Voltou o marido e já maquinando no caminho seus desejos secretos, foi logo à procura de satisfazer-se com a escrava, como de costume. Não a encontrou. Mandou capatazes e feitores procurá-la. Viram os urubus na capoeira e lá acharam seu corpo. Forçou explicações com os empregados e notando o nervosismo do feitor assassino, arrancou-lhe a confissão. Ele clamava que obedecera a uma ordem da patroa, que pedira para ele calar a boca sob pena de morte. Duplamente revoltado, contam, o sinhô deu uma surra na sinhá, ajuntou os seus pertences, pôs sobre um animal cargueiro e mandou devolver ao sogro. E como na briga de dois sempre lucra um terceiro, satanás foi quem ganhou... quatro almas: a do casal, a do feitor e a da delatora fofoqueira.

Placa na BR-265 nos arredores de São João del-Rei/MG. 

Pequeno Glossário

- Candonga: africanismo que significa fofoca, intriga, futrica, fuxico, mexerico.
- Capoeira: pequena mata. Floresta minúscula.
- Garrafinha: sovina, usurário, mesquinho. 
- Munheca: o mesmo que garrafinha. “Munheca de samambaia”.
- Pele e osso: expressão indicativa de extrema caquexia. Magreza.
- Urubu: abutre, ave catartídea que come cadáveres, animais mortos. Carniceiro.
- Varado: magérrimo ou apenas com muita fome.

Notas e Créditos

*Obs.: as notas de rodapé, as fotografias e o glossário não fazem parte da publicação original.
** Pesquisa, texto e fotos (2013): Ulisses Passarelli.
*** Informante: Aluísio dos Santos (São João del-Rei/MG), 1999.
**** Leia também:

ÁGUAS FLUVIAIS 



[1] - Por cuja benesse foi publicado em: O Grande Matosinhos, n.13, nov.2000, São João del-Rei, ASMAT, p.2.
[2] - LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes Meridionais do Brasil: 1808-1818. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.
[3] - WALSH, Robert. Notícias do Brasil em 1829-1829. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1985.

sábado, 28 de setembro de 2013

Ex-votos de Matosinhos

Em São João del-Rei é muito antigo e tradicional o costume votivo de ofertar nas igrejas uma memória de graça alcançada. São os ex-votos. 

Um velho texto jornalístico da cidade informou sobre um destes, achado no atual distrito de Emboabas: 

"S.Francisco de Assis do Onça (do correspondente). Continua em construção a matriz deste distrito, tendo sido demolida toda a parte velha. Foi encontrado debaixo do altar-mor curiosíssimo quadro de madeira, pintado a óleo, com os seguintes dizeres: "Milagre que fez S.Francisco de Assis do Onça a D.Delfina Maria de S.José, que estando seu irmão Gabriel Fernandes do Nascimento muito enfermo de huma febre pôdre apegando-se com o dicto Santo de que logo foi alcançando milhoras, até que de todo livre da referida molestia expoz esta memoria na hera de 1823."

Passando por Conceição da Barra de Minas nas primeiras décadas do século XIX, o francês Saint-Hilaire comentou sobre os ex-votos do lugar: 

"Parece que há muita devoção à Virgem da Conceição, pois existe na sua igreja grande número de pequenos quadros, que representam curas operadas milagrosamente por sua intercessão."

No Bairro de Matosinhos, nesta cidade, a "Sala dos Milagres" congrega vários desses ex-votos, dignos de nota, em diversos estilos, alguns do século XVIII e XIX. Outros são dos novecentos e até mais recentes, entre pinturas, desenhos, fotografias, objetos (sobretudo peças de cera). Guardam um grande valor etnográfico e se alinham perfeitamente com outros exemplares ex-votivos dos centros de romaria. São reveladores da ligação entre o homem e o mundo sagrado, testemunhas concretas da fé do povo, provas materiais que buscam atestar as graças alcançadas pela força da fé, fortalecendo o prestígio das invocações aos santos. 

Como exemplo dessas peças veja as fotografias abaixo: 

Transcrição: "Antonio Carlos de Resende sofreu  uma grande Pneumonia, que o Senhor Bom Jesus de Mattosinho 
o salvou por um milagre. No anno de 1896." 

 Ex-voto do século XVIII que mostra um escravo sendo milagrosamente salvo
 de um afogamento por obra do Senhor de Matosinhos. 

Ex-voto de 1887 dedicado a Nossa Senhora da Conceição pela cura de feridas advindas de uma queda, 
sofrida por uma mãe e seu filho. Santuário de Matosinhos. 

Referências Bibliográficas

SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem às Nascentes do Rio São Francisco e pela Província de Goiás. Rio de Janeiro: Nacional, 1944. 343p. p.128. Coleção Brasiliana, Série 5ª, v.68.  

Referência Hemerográfica

Diário do Comércio, São João del-Rei, n.75, 02/06/1938 (Acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida)
Notas e Créditos

* Texto e pesquisa: Ulisses Passarelli
** Fotos: Iago C.S. Passarelli, 2013.
*** Veja também:

Dois ex-votos centenário da Terra de Nhá-Chica
Ex-votos
Ainda dos ex-votos


domingo, 15 de setembro de 2013

Matosinhos, 2013: um grande jubileu em São João del-Rei

O dia 14 de setembro de cada ano é marcado em São João del-Rei por uma grande festividade religiosa que agita e revigora o bairro de Matosinhos. Nesta data fixa comemora-se o dia maior do grande jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. 

Antecedido por novena, com missas diárias, a temática religiosa é abordada a cada dia por um sacerdote convidado, dando ao fiel a oportunidade de ouvir a diretriz proposta para o jubileu daquele ano sob diferentes pontos de vista, sendo assim muito enriquecedor no processo de evangelização. 

Altar enfeitado durante o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Ao fundo resultado da reforma recém-completada, conduzida pelo pároco, Padre José Bittar, que destacou as imagens do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora da Lapa, agora ladeando a cruz do Senhor. 

A data principal se desenha desde cedo com o foguetório da alvorada, às 6 horas da manhã, e ao longo dia as celebrações acontecem aglomerando fiéis que lotam o santuário. Ao fim da celebração é comum ver-se pessoas observando os muitos ex-votos na popular "Sala dos Milagres". 

A procissão noturna é o que há de mais marcante no jubileu e impressiona notavelmente pelo número arrebatador de fiéis. Ao toque dos sinos, uma massa humana gigante se apodera da Avenida Josué de Queiroz em duas alas principais. A perder de vistas sobe aquela importante artéria de trânsito e custa muito a que chegue a vez do pesado andor, carregado nos braços, bastante enfeitado e iluminado, graças ao carinho dos devotos. Entre as flores, uma nota de destaque como todo ano se nota, é dada aos antúrios (araceae), abundantes nesta quadra do ano. Em volta do andor e na sua retaguarda já não se nota as duas alas, mas um aglomerado de pessoas movidas pelas mesma causa devota.

Chegada da Procissão do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, notando-se a intensa aglomeração de devotos.

A excelente Banda Sinfônica do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos deu cobertura á parte musical, sob a competente regência de Ronaldo Medeiros, que com proficiência conduziu os jovens músicos. 

Do lado externo, nos intervalos das comemorações religiosas e ao seu final, as pessoas aproveitam o momento de socialização que as tradicionais "barraquinhas" proporcionam. Claro que a configuração das barracas mudou com os anos, para se adequar às exigências contemporâneas, com novo estilo (tendas pré-moldadas), questões de segurança e higienização na frente da pauta de preocupações. Outro ponto diferente é que este ano foram externas e não mais no adro. 

Um show ponto-finaliza a festividade. 

Senhor de Matosinhos é uma invocação cristã de procedência portuguesa, que nos chegou no período colonial, sabendo-se que no ano de 1770 foi iniciada a construção da capela primitiva. A notícia da primeira festividade a temos quatro anos depois. Tamanha influência exerceu que mudou o nome do lugar, antes chamado "Vargem da Água Limpa", mudado para Matosinhos pela força sugestiva da devoção. Até data incerta do século XX realizou-se esta festa junto com a do Divino, na segunda-feira imediatamente a Pentecostes. Uma notícia jornalística de 1922 indica que neste ano já acontecera a festa do Bom Jesus em separado, no mês de setembro. 

Flagrante da condução do andor do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, vendo-se à direita o 
Prefeito Municipal de São João del-Rei, Professor Helvécio Luiz Reis, conduzindo uma lanterna, 
seguido por membros da Irmandade do Santíssimo Sacramento. 


Foguetório na chegada da procissão. 

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: altar e chegada da procissão, Ulisses Passarelli; demais, Iago C.S. Passarelli, 14/09/2013.
** Assista ao vídeo da saída da procissão:
Senhor Bom Jesus de Matosinhos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Chagas Dória, outro nome de Matosinhos

Houve época que tal importância atingiu o movimento ferroviário em Matosinhos, já sobejamente demonstrado neste blog, com centro na estação local da EFOM,chamada Chagas Dória, que este nome passou à condição de sinônimo do grande bairro. Bairro de Chagas Dória era então o próprio Matosinhos. As duas antigas notícias abaixo deixam claro esta denominação.


Detalhe da estátua-chafariz do Largo de Matosinhos. 
Foto: Iago C.S. Passarelli, 2013

Exames em Chagas Doria
Realizaram-se em Chagas-Doria, ha dias, as provas anuais porque têm de passar os alunos que alli frequentam estabelecimentos públicos de ensino.
Na escola masculina, regida pelo professor Carlos dos Passos Andrade, a  banca foi formada pelos professores Pedro Raposo e Augusto Mello da Motta.
Findos os trabalhos houve preleção pelos dois examinadores, canticos e acclamações aos srs.. presidente da Republica, presidente do Estado, secretario do Interior, presidente da Camara Municipal e inspetor escolar.
Na escola feminina, regida pela normalista Isabel da Conceição Pereira, compõe-se a banca da normalista senhorinha Maria Esther Pereira da Silva e do sr. Plinio Campos da Silva.
O presidente da banca effectuou uma preleção alusiva ao acto, havendo, após, cantos cívicos pelo corpo discente.

Fonte: Jornal A Tribuna, São João del-Rei, n.804, 25/11/1926. Acervo Digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida.


Chagas-Doria
Recebemos de Chagas Doria uma carta, contestando afirmações que, ha dias, nos foram comunicadas daquele subúrbio sanjoanense e a que demos guarida nesta folha.
Segundo o missivista, é falso que os srs. Pedro Ferreira, “respeitável cidadão”, e Paulo Campos, filho do saudoso negociante sr. Gustavo Campos se possa atribuir a pecha de “perturbadores da ordem” dalli.
Ficam aqui consignadas, de acordo com o nosso feitio de órgão legal, taes declarações.

Fonte: Jornal  A Tribuna, São João del-Rei, n.799, 07/11/1926. Acervo Digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida.  



Notas e Créditos

* Fotomontagens, pesquisa e texto: Ulisses Passarelli

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Festa da Imaculada Conceição de 1923

Matosinhos é berço de muitos festejos religiosos. Bairro singular no contexto histórico da cidade de São João del-Rei é em seu santuário que acontecem os dois únicos jubileus do município. No passado houve dentre tantas festas a dedicada à Imaculada Conceição, devoção mariana comemorada em dezembro. Segue abaixo o recorte jornalístico correspondente e sua transcrição, respeitando-se a grafia da época, 1923. 


Mattozinhos
Festa de Nossa Senhora

Durante os dias 7 – 16 de Dezembro Mattozinhos celebrou, na Capella do Senhor Bom Jesus, a festa imponente da Immaculada. Uma novena, que agradou a todos, precedeu esta data gloriosa. No dia 16 grande numero de fieis e devotos a Nossa Senhora receberam a Communhão, monstrando d’ esta maneira, o grande amor á Immaculada.
Ás 11 horas teve inicio a Missa solemne, cantada pelo Revmo. Padre frei Leopoldo, acolythado pelos Padres frei Optato e frei Osmundo.
Ás 5 horas da tarde percorreu as ruas d’este pittoresco logar uma lindíssima procissão com magníficos andores e no maior respeito e silencio. Após um ligeiro descanso subiu ao púlpito Padre frei Leopoldo, que com grande eloquência, cantou as glorias sublimes, com que a figura sacrossanta de Maria avulta nas galerias da historia. Encerraram-se as festividades com o Te-Deum e a bênção com o Santíssimo.
Nossos profusos parabéns e agradecimentos ao bom povo de Mattozinhos, cujas festas sempre commovem e também nossa gratidão ao infatigaveis procuradores, os senhores Francisco Chaves e Pedro Pereira, que alcançaram um resultado belíssimo: nossos profusos parabéns ao Côro, que durante toda a novena agradou imensamente, graças á sua incansável Directora, Da. Amanda Telve de Faria Pereira; nosso parabéns a Senhorita Amanda de Faria Pereira, que com sua voz maviosa e soberba commoveu a multidão; nossos parabéns ao povo festeiro, que deu um exemplo eloquente de amor e gratidão para com Maria.
Os leilões durante o dia estiveram animadíssimos. A banda do 11 Regimento acompanhou a procissão, durante a qual executou varias peças lindíssimas.
Mais de 300 pessoas receberam a Sagrada Communhão durante a novena.
Que Nossa Senhora abençoe o bom povo de Mattozinhos.

A assinatura da nota é devida ao Capelão, Frei Optato. Segue-se com uma lista de festeiros eleitos para o evento do ano seguinte, que, embora expressamente citado como para a Festa de Nossa Senhora da Conceição, a lista principia com os cargos de imperador e imperatriz - sr. Marçal e Souza Oliveira e sra. Maria Carlota Rios - uma influência da Festa do Divino, ou quiçá, os Imperadores do Divino teriam também assento cativo nesta mesa festeira?
A listagem segue com os juízes: Custódio Maximiano de Souza, Francisco Chaves, Arnóbio Caldeira Franco, João Evangelista Silva Rios, Durval de Oliveira, Gabriel Pompeu de Campos, Drogero Guimarães, Raul Chaves, Justino José da Silva, Olympio Augusto Oliveira, João Baptista Oliveira, Floriano Peixoto, Antonio Santos, Onofre Archanjo Souza.
As juízas eleitas foram: Amanda Telve de Faria Pereira, Custodia Clara Pinto, Eneida Sette Resende Campos, Anna Simões, Maria Leandra, Mariana Diogenes Silveira, Luiza Balbina Souza, Maria da Conceição Pereira Melo, Maria Antonia Lourdes, Maria Theodora Gonçalves, Emilia Augusta Sousa, Francisca Carolina Fonseca.
Os cargos de procuradores foram ocupados pelos srs. João Evangelista Ferreira e Adolpho Ferreira Silva.
A tesouraria coube a Pedro Ferreira Sousa.
A extensa nota é datada de 10 de dezembro de 1923.

Notas e Créditos 

* Fonte de pesquisa: jornal Acção Social, São João del-Rei, n.448, 20 de dezembro de 1923. Acervo digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida.
** Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli

domingo, 18 de agosto de 2013

Praça Pedro Paulo antigamente

Parte do corrimão da ponte de piso abaulado que existiu onde hoje é a Ponte Presidente João Pinheiro. Notar: adiante, vacas pastando onde hoje é a Praça Pedro Paulo; na extrema esquerda o barranco da via férrea e ao seu sopé a Estrada da Tabatinga, que ligava a cidade a Matosinhos; na extrema direita a extinta Ponte do Curtume, com seus arcos característicos, dando sequência de Matosinhos para Rua Cristóvão Colombo, já no Bairro das Fábricas, repleta de casario. Foto de autor e ano não identificados, gentilmente cedida por Silvério Parada. 


Recorte jornalístico de 1901 que noticia a denominação de Praça Pedro Paulo dada ao logradouro em questão.

Esta área da urbe foi popularmente muito conhecida como "Fábrica de Louça", 
em razão do estabelecimento que ali existia. 


Notas e Créditos

* Texto e fotomontagem de jornal: Ulisses Passarelli

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Coração de Jesus: mais uma festa do Matosinhos antigo

Mais notícias de festas religiosas em Matosinhos vem à tona neste blog, trazidas das velhas páginas jornalísticas da cidade de São João del-Rei. Desta vez honrando ao Sagrado Coração de Jesus, devoção que ganhava força com o processo de romanização implantado pela Igreja. Mesmo antes de acontecer já se previa o grande número de comunhões, clara tônica do discurso romanizador. A procissão seria pomposa, cheia de andores e estandartes. Velhos hábitos de uma antiga cidade barroca. Vejamos o que nos diz o jornal Acção Social, edição nº423, de 28 de junho de 1928:



Transcrição (respeitando a grafia da época):

Mattozinhos
Iniciar-se-ão hoje as festividades em honra ao Sagr. Coração de Jesus. Esperamos muitas comunhões e o maior respeito do povo religioso de Mattozinhos durante estes dias.
Na procissão de Domingo próximo serão conduzidos 5 lindissimos e riquíssimos andores e vários estandartes.
Agradecemos de antemão aos dois incansáveis Zeladores, os srs. Pedro Ferreira e João Pedro de Oliveira, que não pouparam esforços pelo melhor exito das festividades.
O coro está em efetivas condições e executará seu repertório com brilho e capricho, graças a infatigavel Directora Dª Amanda Telve de Faria Pereira. Que o sagrado Coração abençoe estes dias festivos.
O correspondente.

Notas e Crédito

* Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli.
** Fonte: acervo digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A Primeira Festa de Santo Antônio

Dentre as muitas devoções católicas que se festejam no bairro de Matosinhos, figura também a de Santo Antônio, que já foi alvo de comentários neste blog. Porém a presente postagem traz à lume uma interessante notícia veiculada pelo órgão de imprensa Acção Social, de São João del-Rei, que na sua edição nº422, de 21 de junho de 1928, esclarece que aquele foi o primeiro ano da primeira festa dedicada a esse santo popularíssimo no grande bairro. 

Foto1: notícia da Festa de Santo Antônio

Para maior facilidade aos leitores segue abaixo transcrição do texto jornalístico, respeitando a grafia de época, com a dificuldade de um fragmento já com definição sacrificada em alguns trechos. 

Mattozinhos
Celebraram-se aqui  no domingo passado, as solemnidades em honra a S. Antonio na egreja de Bom Jesus.
Foi pela primeira vez que o grande thaumaturgo recebeu aqui homenagens do povo (... ilegível).
Houve grande numero de comunhões nesse dia e de tarde percorreu a vasta praça deste pittoresco logar uma (...) procissão. Subiu á sagrada tribuna o Rev. Pe. fr. Cherobin cheffe (?) do Gymnasio Sto.Antonio, que em palavras bem escolhidas nos mostrou o grande santo como modelo de vida pura com Jesus Christo.
A banda de musica do 11 Regimento abrilhantou a procissão e o leilão, que foram muito concorridos.
A (ilegível) eclesiástica approvou a mesa recém-eleita para o anno vindouro.


Foto 2: Santo Antônio na liteira. 

O interessante texto revela a simplicidade da programação, com procissão, leilão e sermão, elementos enriquecidos com a música da banda militar, corporação das mais admiráveis desta terra, com vasto e ativo trabalho cultural. A popularidade do grande santo porém garantia a continuidade, visível na aprovação eclesiástica dos festeiros do ano seguinte. 

Sabemos que num passado bem mais remoto, um século antes, Santo Antônio dava à festa pentecostal de Matosinhos um ar muito pitoresco com sua eleição para o cargo de Imperador Perpétuo da Festa do Divino. Como tal era o principal protagonista de uma popularíssima procissão que descia da Igreja de São Francisco rumo à de Matosinhos, quando a imagem do taumaturgo vinha em movimentos pendulares dentro da liteira, com grande acompanhamento de fiéis. 

Felizmente este item foi resgatado na reativação da Festa do Divino de 1998. Prossegue até os dias atuais a Procissão do Imperador Perpétuo, sendo o santo também festejado no seu salão comunitário na Vila Santo Antônio (parte do bairro) e na capela rural da qual é orago, no povoado do Carvoeiro, dentro da mesma paróquia e município.

Foto 3: Capela de Santo Antônio do Carvoeiro.


Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
* Fotos: 
1- montagem do autor, acervo digital da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida;
2- Iago C.S. Passarelli; efeitos, Ulisses Passarelli;
3- do autor

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Procissão Motorizada de 2013

Aconteceu em Matosinhos neste fim de semana a tradicional Procissão de São Cristóvão. Este evento religioso se reveste de um particular aspecto graças ao cortejo automotivo e motociclístico. Sendo este santo padroeiro dos motoristas, nada mais adequado que este tipo de comemoração. 


No dia 04 de julho de 2013, às 15 horas, houve no Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus de Matosinhos uma missa festiva em honra a São Cristóvão, celebrada pelo pároco e reitor Padre José Bittar, com grande afluência de fiéis. A parte musical coube ao coro paroquial. 


Finda a celebração os fiéis se concentraram na praça principal do grande bairro, onde muitos carros, caminhões, caminhonetes, vãs e motocicletas já aguardavam a saída.


A procissão foi saindo em meio ao festivo repique dos sinos e toques incessantes das buzinas dos veículos. Motos na frente, seguidas dos carros de passeio e por fim dos grandões de carroceria. 


O longo e barulhento cortejo seguiu buzinando em direção à Ponte do Porto, Santa Cruz de Minas, Colônia do Marçal, Av. Leite de Castro, Centro da cidade e daí ao Tijuco, pela Rua General Osório. O retorno foi pela Rua São João. De passagem pelo Centro, subiram pela Oito de Dezembro e por esta avenida ganharam a BR-265, passando pela Gruta de São Cristóvão, na paragem do Cala Boca. Para encerrar voltaram à cidade pelo Trevo do Elói, na retaguarda de Matosinhos, descendo o Pio XII, Bom Pastor e Vila Santa Terezinha, pela principal artéria de trânsito, a Avenida Josué de Queiroz, para encerrar na frente do santuário.

Sr. Gilberto de Sousa, baluarte e fundador 
da Festa de São Cristóvão em Matosinhos.

Resta dizer, que todo o trajeto teve entre os veículos, um caminhão de abre-alas com uma grande cruz iluminada presa na vertical, na carroceria, ladeada por duas bandeiras, uma do Brasil e outra da diocese. Outro caminhão, trazia na carroceria a imagem de São Cristóvão, cuidadosamente ataviada de flores em seu andor sobre cavaletes. Neste ano usou-se um andor convencional, em vez do tradicional, em forma de carroceria de caminhão. 

A procissão deste santo aconteceu neste ano em data mais tardia, no primeiro final de semana de agosto, quando normalmente ocorre no último de julho.

Notas e Créditos

* Texto e fotos (04/08/2013): Ulisses Passarelli
** Clique neste link para visualizar melhor o aspecto da Procissão de São Cristóvão.



terça-feira, 30 de julho de 2013

As Festas de 1923

Não faz muito tempo este blog noticiou o nome da Imperatriz do Divino do ano de 1927, a esposa do ilustre Basílio de Magalhães, sra. Flávia Ribeiro de Magalhães. Prosseguindo as pesquisas, agora do ano de 1923, este post traz a lume os nomes do Imperador Antônio Balbino de Souza e da Imperatriz Antônia de Araújo Simões.


Em 1923, às vésperas da proibição ou remodelação imposta pelo processo de romanização da Igreja, os legendários festejos do grande bairro são-joanense eram organizados por uma extensa comissão de festeiros, dividida em três grupos, um para cada dia de festa. O primeiro dia, Domingo de Pentecostes, dedicado ao Espírito Santo, era o com maior número de cargos, incluindo além do casal imperial, três caudatários (pajens da imperatriz), três pagens do estoque (vassalos do imperador), três alferes da bandeira (dentre os quais Samuel Soares de Almeida), vários mordomos e irmãos de mesa. 


Os outros dois dias, segunda e terça-feira, consagrados respectivamente ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos e a Nossa Senhora da Lapa (que o jornal pesquisado cita apenas como N.S.da Conceição), tinham cargos relevantes na figura dos juízes (as):

- Manuel da Cunha Lima (Bom Jesus)
- Carmen Mello (Bom Jesus)
- Amarante Araújo (Nossa Senhora)
- Anna Lopes de Oliveira Alves (Nossa Senhora)

Além do juizado um grande número de irmãos de mesa foi listado para cada dia. A lista de nomes se completa com três cargos importantes, servindo a todos os dias festivos: 

- Tesoureiros: André Bello / Irineu Cantelmo
- Secretários: João Francisco Nogueira / João Evangelista Pequeno
- Procuradores: Teophilo Rodrigues (1º dia) / Joaquim Rodarte (2º dia) / Eduardo Cancio Rodrigues dos Santos (3º dia)

Os procuradores tinham um papel especial na administração dos festejos, semelhante ao do atual presidente da comissão de festa. 

Mais uma vez, a listagem revela ainda nessa época, nomes importantes da sociedade são-joanense envolvidos com o evento, tais como o célebre fotógrafo André Bello, os maestros João Pequeno (que nomina uma rua do centro histórico desde 1949, o antigo Beco da Romeira) e Teophilo Rodrigues (notável regente da Banda Teodoro de Faria, por longos anos), dentre outros. 

Por estas alturas, os planos de mudanças para a festa já andavam à plena, pois uma notícia, da mesma época, revela a intensão de formar em Matosinhos um jubileu da Santa Cruz, pela passagem da data do 03 de maio, que converteria a formatação dos festejos para os moldes da festa de Congonhas, com a presença do próprio arcebispo, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. 


No ano anterior já havia acontecido em setembro um jubileu dedicado ao Sr. Bom  Jesus de Matosinhos, o primeiro até aqui noticiado nesta data, anterior ao que imaginávamos como inicial (nos princípios dos anos 50). Notícia muito interessante, de leitura custosa, revela que, antecedido por uma novena, no dia principal, o Padre A.C.Rodrigues fez enérgico sermão enaltecendo os valores da cruz aos fiéis. Missa, concorrida procissão do Santíssimo Sacramento e sua bênção respectiva, te-deum e um destaque para o grande número de comunhões, mostram a nova diretriz festiva já esboçada e de linha bem evidente e firme. Mais uma vez, há a promessa de fazer para 1923 um jubileu "igual ao de Congonhas do Campo", segundo intensão do festeiro, Coronel J.Severiano da Silva, o que é muito sintomático. 


As diretrizes novas para os festejos de Matosinhos já estavam semeadas e em vias de implantação. A romanização estava a todo vapor. A supressão da festa em 1924 foi uma atitude drástica e marcante para deixar bem claro à comunidade a nova ordem de comemorações. 

Referências Bibliográficas 

- GAIO SOBRINHO, Antônio. Bandas Musicais em São João del-Rei e a Banda Teodoro de Faria. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, v.10, 2002.
- GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. São João del-Rei: FAPEC, 1994. 

Referências Hemerográficas

- Jornais antigos do acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida, São João del-Rei: 
   - A Tribuna, n.464, 18/03/1923
   - A Tribuna, n.468, 15/04/1923
   - Acção Social, n.858, 21/09/1922

Notas e Créditos

* Texto, pesquisa e foto-montagens: Ulisses Passarelli. 
** Jornais antigos do acervo da Biblioteca Pública Municipal Baptista Caetano d'Almeida, São João del-Rei, disponíveis em seu site