Geografia da Festa do Divino no Brasil: características gerais
É por assim dizer unânime a ideia da vinda dessa festa para o Brasil via Portugal. Estudos confrontando a tradição aqui e além-mar tem sido úteis na compreensão das relações dos seus elementos festivos [1].
Afirmam pesquisadores (entre os quais Alceu Maynard Araújo e Luís da Câmara Cascudo), que essa festa foi introduzida no Brasil (trazida de Portugal) no período quinhentista. Contudo a época exata é incerta dentro do período colonial.
Uma
referência remota surge da Bahia, ano de 1707, quando um arcebispo que proibira
atos não litúrgicos nos templos e seus perímetros, abrira exceção àqueles
dedicados ao Divino, o que sem dúvidas denota a popularidade e importância
social que já atingira [2].
Outra
notícia antiga procede de Minas Gerais, de Nossa Senhora de Nazaré da
Cachoeira, datada de 1738, localizada no arquivo de Mariana[3],
escandalosa e pitoresca por sinal, pela farra de uns padres tocando viola e
cantando modas junto a uma mulher forra, travestida de homem, sobre um carro
enramado, em plena festa do Espírito Santo.
Mas foi de fato na segunda
metade do século XVIII, que essas festas no Brasil começaram a se difundir
mais, ou pelo menos é desse período em diante que surgem mais notícias: 1761
(Guaratinguetá/SP) [4],
1765 (Salvador/BA)[5],
1772 (Porto Alegre/RS)[6],
1774 (São João del-Rei/MG), dentre outras, decerto. Por esse tempo começam a
vir os migrantes açorianos, que deram grande impulso a essas festividades no
país. A questão com certeza merece maiores estudos.
Com
rapidez o costume se difundiu: foi averiguado em todas as regiões do país, não
porém com a mesma densidade, sendo raro na Amazônia, raríssimo no Nordeste e
ausente no grande sertão semi-árido, com algumas exceções. O centro-sul é área
que mais pratica essas festas. É mister focalizar por regiões.
No
Norte uma característica é que as bandeiras do Espírito Santo são brancas, em
vez de vermelhas como no restante do país. É consenso dos estudiosos que as
Festas do Divino estão decadentes e mesmo desapareceram de muitos lugares dessa
imensa área. No Amapá é muito tradicional em Mazagão Velho e Macapá, com folia
do Divino e danças - marabaixo e vamonez. No Bairro Laguinho, na capital,
levantam mastro e saem aos campos próximos para colher ramos de murta para a
procissão, segundo PEREIRA (1951).
Ainda este autor e também FIGUEIREDO
& SILVA (1972) escreveram sobre a tradição no Amazonas, onde era então
vestigial. No passado entretanto, teve grande popularidade. Os fiéis chegavam
pelo rio, em canoas. Havia muitos comes-e-bebes e danças. Não faltavam os
mastros, nos quais penduravam frutas (sobretudo bananas), sendo fincado com
devoção sob o estrondo das ronqueiras. Montavam altar, adornado de flores e
papel picotado. Os mordomos derrubavam o mastro ao fim da festa, dando cada um,
uma machadada. As frutas eram comidas; a madeira, cortada e jogada no rio.
FIGUEIREDO
& SILVA (1972) noticiaram as comemorações do Divino em ocaso na região do
Rio Cairari, dando retrato do cetro e coroa, insígnias que resistem como
lembrança.
Ainda
PEREIRA (1951) descreve três tradições nortistas dessa festa: a canoa da
iluminação, a varrição e a mesa dos inocentes.
A
dita canoa é uma embarcação do modelo conhecido por igarité, enfeitada com
arcos de cipó sobre o casco, que seguram lâmpadas abastecidas por azeite de
peixe-boi, sendo que cascas de laranjas verdes, cortadas ao meio, funcionam
como recipientes do dito combustível das rústicas luminárias. Na saída a
embarcação é escoltada pela folia do Divino e vão soltando as lâmpadas acesas
rio abaixo até que, uma vez todas soltas na correnteza, retornam ao barco. As
luzes se perdem na escura imensidão noturna das águas. Rezam as ladainhas e
dançam madrugada a dentro até o dia clarear: lundu, valsas, quadrilhas. Antes
porém de dançarem, cobrem a imagem do Divino com uma toalha branca.
A
referida mesa é uma refeição oferecida com exclusividade às crianças. É
presidida pelo imperador, com seus trajes nobres, coroado e portando cetro. A
folia do Divino está presente, rufando tambores. As crianças são servidas e
diante de cada prato há um montículo de farinha. Depois delas os adultos podem
comer [7].
A varrição é um ritual festivo para
encerrar as comemorações que consiste em varrer a sede da festa, desmontar o
altar, guardar os objetos usados (entregues ao “protetor do Divino”) e fazer o
“pelouro”, que é o sorteio do festeiro do ano vindouro.
LIMA
(1959) cita sua existência no Pará.
Tocantins apesar de ser estado integrado à Região Norte,
tem contudo suas Festas do Divino seguindo ao modelo daquelas do Centro-oeste.
Há folias do Divino, cavalhadas, novenas, pagamentos de promessas, banda de
música, coroação, peditórios, mastros (sob a responsabilidade do capitão do
mastro), missa solene, cortejo com o imperador coroado, oferta de doces, bolos,
bebidas, alferes da esmola geral. No cortejo o povo acompanha o imperador
segurando pavios acesos, de cera de abelha. Há baile. Aponta-se sua existência
em Natividade (com cavalhada, folia do Divino e caretas), Monte do Carmo,
Taguatinga, Tocantínia, Peixe, Paranã, Niquelândia [8].
No
Nordeste destaca-se no Maranhão, com características próximas às amazônicas.
Ocorre em muitas localidades mas é mais destacada em São Luís e em
Alcântara [9]
.
No
Piauí é bem menos marcante. Há novenas e a folia do Divino, conhecida sob o
nome de “bandeira do Divino”, com ocorrência em maio. Registrada em Oeiras e
Simplício Mendes, por OLIVEIRA (1977).
Desconheço
referências de sua existência no Ceará, Rio Grande do Norte [10],
Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
A Bahia conheceu a tradição em
Juazeiro (junho), Olivença (móvel), Porto Seguro (Pentecostes), Prado (idem),
Bom Jesus da Lapa (com cavalhada) e Salvador. Informa VIANNA (1981) que há
procissão com bandeira em diversos municípios. A principal característica da
festa na capital baiana é o imperador menino, ricamente trajado, portando
cetro, acompanhado pelo substituto, guarda de honra, irmandade religiosa com
suas opas e banda de música, rumando para a prisão, onde ocorre o ritual da
libertação dos presos na fortaleza. QUERINO (1955) esclareceu que esse ritual
se dava através do pagamento pelo imperador da dívida que motivou a prisão,
devolvendo assim a liberdade. Em Bom Jesus da Lapa comparece um curioso grupo
de caboclinhos com a peculiaridade de usarem máscaras.
O
Centro-Oeste é um grande celeiro desta festa, notadamente em Goiás, onde
alcança grande pompa: Pirenópolis (a mais famosa)[11],
Goiás, Catalão, Santa Cruz, Jaraguá (com cavalhada, contradança e tapuios),
Luziânia, Posse (cavalhada), Corumbá de Goiás (cavalhada), Mossâmedes,
Itaberaí, Conceição do Norte, Dianópolis. No estado de Goiás são destaques as
cavalhadas e as folias do Divino.
No Mato
Grosso os estudos de PEREIRA (1984) sobre cavalhada apontaram Festas do Divino
em Poconé e São Luís de Cáceres, onde este folguedo aparece por ocasião do
evento. MENDONÇA (1977) também as cita em Cuiabá, arrematando a festa. HAUG
(1982) encontrou folias do Divino em Bonsucesso (Várzea Grande), Coxipó do Ouro
(Cuiabá).
Em
Mato Grosso do Sul surge próximo à divisa com o Triângulo Mineiro. A folia do
Divino tem aí características que lembram as folias de Reis [12].
O
Sudeste é outro grande centro dessas comemorações. No estado do Espírito Santo,
apesar deste nome é festa quase desconhecida. As informações disponíveis são
parcas. Quando lá residi entre 1989-1992, só resistia em Marataízes, mesmo
assim muito decadente, com o nome de “Festa das Canoas”, devido ao desfile
embarcado no mar, com a folia, dentro de barcos enfeitados de bandeirinhas de
papel. Dão várias voltas defronte a vila (então distrito de Itapemirim; hoje
emancipou-se) e de tanto em tanto os barcos se encostam e a folia salta em
pleno mar, de uma embarcação para outra. Noutro barco vai a imagem de N. S. dos
Navegantes, que tem uma ermida na praia, sobre um rochedo. Por fim atracam e na
praia mesmo, a folia canta longamente. Devotos trazem fitas de várias cores e
põe na bandeira; dão uma esmola e retiram uma fita que lá já estava, abençoada.
É o ritual da troca de fitas. Mais tarde a folia canta entre as dezenas de
barracas de comes-e-bebes da praça, coletando óbolos. Vi as barracas lotadas de
gente totalmente alheia à festa. A folia, muito simples, tinha uns cinco
cantores, uma mulher levando a bandeira e o único instrumento era uma caixa.
Consta que outrora também usavam viola e à noite dançava-se o caxambu. Os
principais agentes dessa festividade eram os maratimbas, caipiras litorâneos daquela região. Esta festa foi
estudada por BRAGA (1940), NEVES (1953-4) e PACHECO (1966). Na cidade de Viana,
de forte influência açoriana, a festa se realizava em Pentecostes, tendo folia
do Divino, imperador e imperatriz, segundo informes de MELCHIORS (1962). NEVES
(1978) informa que a festa vinha desde 07/07/1817 [13].
Em Vila Velha seguiam-se aos moldes de Viana, destacando a folia e o canto do Te-Deum Laudamus, segundo DUARTE (1980).
Foi registrada em Conceição da Barra, por OLIVEIRA (1949-50), com folia do
Divino (saindo no Domingo de Ramos), distribuição de pães bentos, procissão,
oferta de mesa de doces e bebidas. As folias do Divino, averiguei, independente
de festas, havia em Iconha, Carapebus e Manguinhos (Serra), Fundão, Regência
(Linhares).
No
Rio de Janeiro é agora rara mas já marcou época [14].
Houve folias do Divino no norte do Estado, região de São João da Barra, mas
desapareceram. Persiste a festa em Saquarema, com destaque para a folia do
Divino, com seu ritual de bênção da farinha. No litoral sul: Angra dos Reis e
Parati - com folia do Divino, dança-dos-velhos, coquinhos, jardineira e
moçambique bate-paus (vindo de Cunha/SP) - e na área metropolitana: Rio de
Janeiro, Nilópolis, Niterói: com maior influência portuguesa direta. A
irmandade nesta área é constituída por açorianos e descendentes. Há império,
ladainhas, orações próprias, distribuição de carne (benta pelo padre), banda,
foguetório. Um garrote é enfeitado e levado ao altar, onde lhe batem à perna
fazendo-o ajoelhar diante do altar, quando então cantam acompanhados pela
guitarra portuguesa. Dizem que é o “vitelo do Divino”. Também há leilão e
coroação do imperador e imperatriz. FRADE (1979) estudou de forma competente
estas festividades no Rio de Janeiro.
Minas
Gerais nutre grande amor a estas comemorações. O seu mapeamento de 1998
indicava cento e doze municípios onde se festejava o Espírito Santo,
concentrado no centro para norte e noroeste. Em Montes Claros há nesta festa
catupé, marujada, caboclinhos e outrora o bumba-meu-boi, segundo PAULA (1957).
Em Diamantina, onde a festa alcança extraordinário esplendor, marujada, segundo
MARTINS (1981), mas pode também ter caboclinhos. Este autor citou em outra obra
que no norte mineiro o Divino é comemorado extensamente, com mastro, leilão,
terços, ladainhas, enfeites de folhagens, bandeirolas, arcos de bambu para
passar procissão, cavalhadas. Na festa que havia em Viçosa tinha cavalhada
assim como em Brejo do Amparo. No Serro, marujada e caboclinhos. Em Novo
Cruzeiro, no vale do Jequitinhonha, a folia do Divino é diurna e canta no período
de 3 de maio a 2 de junho [15].
São
Paulo pratica intensamente a Festa do Divino, com grande riqueza de
manifestações culturais. A folia do Divino é bastante divulgada no interior.
Foi registrada em: São Luís do Paraitinga (jongo, dança-dos-velhos, caiapó,
moçambique bate-paus, miota (boneca gigante, provável corruptela de minhota, ou
seja, natural do Minho, Portugal) e boi, joão paulino e maria angu (casal de
bonecos gigantes), Cunha (idem, além do boi-pintadinho), Silveiras (julho),
Pindamonhangaba, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Itapecerica da Serra,
Nazaré Paulista, Santa Isabel, Mogi das Cruzes (com a famosa entrada dos
palmitos), Santo Amaro, São Paulo, Avaré, Cotia, Salesópolis, Paraibuna,
Laranjal Paulista, Santana do Parnaíba, Anhembi, Tietê, Piracicaba, Itu,
Jacupiranga, Iporanga (junho), Nuporanga (julho), Piedade (agosto), Cananéia,
Iguape, Itanhaém, Guararema, Ubatuba, Lagoinha (com diversas danças rurais:
lundu, cana-verde, batuque, samba-rural, fandango).
Os
informes sobre o Paraná são pouquíssimos. É afamada a tradição de Guaratuba,
com folias do Divino [16].
Já em Santa Catarina a festa é mais
difundida e guarda boa parcela de influência açoriana. Segundo SOARES (1979),
pode ser vista em: Barra Velha (maio, junho), Jaguaruna (julho), Santo Amaro da
Imperatriz (maio, junho) - com pomposa comemoração - Florianópolis (maio) - a
“Festa da Laranja”. Tem sido intensamente estudada por Lélia Pereira Nunes.
O
Rio Grande do Sul ainda preserva a tradição, por exemplo em Osório, Viamão,
Mostardas, Criúva, Segredo, Santo Antônio das Missões, Porto Alegre, São José
do Norte. A influência açoriana é grande [17].
LOCAL
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CARACTERÍSTICAS E PERSONAGENS ELEMENTARES
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Criúva/RS
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Mastro levantado com banda de música, capitão de
mastro, toque de sino e fogos. Bênção dos tambores e bandeiras antes da saída
das folias do Divino. O bandeireiro da folia é chamado alferes. Tropeiros do
Divino (cavaleiros que recolhem o gado doado). Novena. Jantar. Baile. Missa
Solene. Procissão. Imperador isolado numa figuração triangular formada por
varas (o mais tradicional é a formação quadrangular). Encerramento da festa
com baile, coroação da rainha e investidura das aias.
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Mostardas/RS
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Seis rapazes com opas vermelhas acompanham a banda
para levantar mastro. Presença do festeiro, espadim (menino trajado de pajem
e portando cetro) e alferes da bandeira. Novena: noveneira e festeira com
bandeiras. Reuniões dançantes com jantares. Peditório. Dia Maior: missa,
almoço festivo, procissão. O festeiro carrega a coroa e vai dentro de um quadro.
Escolha do novo imperador. Jogos. Bailes.
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Viamão/RS
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Presença do imperador menino.
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Mossâmedes/GO
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Folias do Divino, encontro das Bandeiras, novenas
nas fazendas, novena na cidade, mastro, fogueira, leilão, missa, procissão,
banda, catira, bailes, imperador, capitão de mastro, alferes da Bandeira.
Reza de terços. Coretos cantados no levantamento do mastro. Rancho alegre
(para os comes-e-bebes e danças). Circos. Tourada. Dramas. Juízes para cada
dia de novena. Fogos. Zeladores de andor. Imperador no quadro de varas.
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Anhembi/SP
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Cortejo fluvial embarcado: barracão das canoas,
derrubada das canoas, festeiros da semana, leilão da noite. Mastro fincado
desde o ano anterior. Viajam em irmandade com trajes específicos. Pousos,
rezas, ladainhas, alimentação farta, dança-do-cururu, rojões e trabucos.
Alvorada. Mastros nos pousos. Folia do Divino. Fogueira. Promessas, ritual
dos amortalhados. Hinos a Nossa Senhora, andor de N. S. Aparecida saudado por
folia do Divino, andor de São Benedito. Canto da saranga (cantochão caipira),
revoada de pombos. Missa em honra a Nossa Senhora dos Remédios. Império do
Divino. Coroação de Nossa Senhora. Barracas, tourada, parque de diversões.
Missa. Almoço festivo. Leilão de gado e de prendas com banda presente.
Procissão. Escolha do novo festeiro pelo padre.
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Parati/RJ
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Levantamento do mastro na Páscoa: irmandade do
Divino, capitão de mastro, alferes da bandeira, festeiro e festeira,
foguetório, banda, folia do Divino. Império com Insígnias. Dança-das-fitas,
dança-dos-velhos, ciranda, boi-pintadinho, moçambique. Leilões. Missa.
Coroação do imperador.
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Saquarema/RJ
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Mesmos padrões gerais. Ritual da Bênção da
Farinha. Festeiro e festeira são chamados juiz e juíza. Há trono e império.
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Nilópolis, Niterói, Rio de Janeiro/RJ
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Irmandade particular do Divino Esp. Santo. Império
com insígnias do Divino. Ladainhas, orações, distribuição de carne benta
antecedida de passeata das reses enfeitadas que serão abatidas (vitelo do
Divino), acompanhadas por banda de música. Cantorias ao Divino à moda
portuguesa (desgarrada, tocada com guitarra). Leilão. Distribuição de roscas
para alimentação. Coroação (imperador/imperatriz). Guarda de Honra.
Foguetório. Bandeiras.
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Mogi das Cruzes/ SP
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Entrada dos palmitos. Festa começa na Ascenção do
Senhor. Mastro. Comidas típicas. Moçambique e congada. Quermesse. Procissão
com bandeiras do Divino. Alvorada. Gincana: pau-de-sebo, porco ensebado,
corrida do saco, corrida do ovo. Catira. Folia do Divino. Império.
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São Luís do Paraitinga/SP
|
Comidas típicas. Cavalhada. Danças folclóricas:
moçambique, jongo, dança-das-fitas, folia do Divino, congada, joão paulino e
maria angu. Encontro de bandeiras. Repiques de sinos. Foguetório. Procissão,
missas, bandas de música, setenário, alvoradas, orquestra, bênção do SS.
Sacramento. Império do Divino. Leilão de prendas e de animais. Imperador e
pagens.
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Rio Grande do Sul
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Folias em Santo Ângelo, Cachoeira do Sul, São Luís
Gonzaga, Vacaria, Sto. Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula, Soledade
(folias do Divino, ditas companhias). Folia benze a casa em dia de
tempestade. Festa com jogos, comidas típicas, procissão, mastro. Porto
Alegre: parque de diversões, barracas de jogos. Outrora foguetório.
Eventualmente, bandas. Farta iluminação. Havia leilão de pombos que depois de
arrematados eram soltos.
|
Santa Catarina
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Folias em Campeche (Ribeirão da Ilha), Pantanal
(Trindade), Capoeiras (Estreito) – na capital. Em Trindade, é tradição
vender-se bergamotas em pencas como parte dos festejos. Os imperadores são
duas crianças ricamente vestidas (presença de espadins). Folia em Mirim
(Laguna). Bandeira escoteira (isto é, sem tocadores) em Tijucas, com
imperador, que distribui títulos de nobreza: duques, marquesas, condes. Em
Brusque e Blumenau a festa se limita a missa e quermesse.
|
Paraná
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Folia do Divino em Guaratuba.
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Brejo do Amparo/ MG
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Imperador sorteado oferta comes-e-bebes e dá
dinheiro para a festa. Rezas. Leilões. Batizados e casamentos. Ruas são
lavadas, enfeitadas de arcos de bambu e tapetes de flores e folhas.
Cavalhada, inclusive com o ritual dos encamisados.
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Montes Claros/ MG
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Festa em conjunto com a de Nossa Senhora Rosário e
São Benedito. Missas. Reinado. Marujada, caboclinhos, catopé, cavalhada.
Almoço coletivo. Distribuição de doces.
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Cuiabá/MT
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Cavaleiros fantasiados anunciam a festa.
Cavalgada. Peditório com bandeira e cetro. Folia. Foguetório. Banda de
música. Tourada. Dança do cururu.
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Porto Estrela/MT
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Rei, rainha, capitão de mastro, alferes da
bandeira. O juiz é a maior autoridade abaixo do festeiro. Trono. Folia do Divino
montada. Muitos enfeites e comidas tradicionais. Procissão. Danças: de São
Gonçalo, cururu, siriri. Jogo de truco (baralho). Fogueira. No dia seguinte à
festa os foliões tomam um banho no Rio Paraguai.
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São Mateus/ES
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Bodo. Folia do Divino. Bênção de pães na missa de
Pentecostes.
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Nazaré Paulista/ SP
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Divino co-festejado com Sagrado Coração de Jesus e
São Lázaro. Alvorada. Comidas típicas. Fanfarra, quermesse, leilão de
prendas. Congada, moçambique, caiapó, samba folclórico. Pau de sebo, gincana,
banda, duplas de violeiros. Folia do Divino. Missas. Procissões. Império.
Terço e ladainhas.
|
Lagoinha/SP
|
Folia do Divino, moçambique, joão paulino e maria
angu, congada, danças diversas. Gincana. Casa da festa. Leilão de gado.
Leitão ensebado, corrida do saco. Alvorada.
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Piracicaba/SP
|
Leilão. Foguetório. Encontro de canoas e
bandeiras. Cateretê, dança do tangará, samba-roda, samba-lenço, batuque,
congada, folia do Divino, cururu, cana verde. Irmãos vestidos como
marinheiros.
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Laras – Laranjal Paulista/SP
|
Terço, ladainha, cânticos religiosos, encontro das
Bandeiras embarcadas. Foguetório. Mastro. Procissão. Leilão. Barracas.
Rodeio. Capitão de mastro, alferes da bandeira.
|
Tietê/SP [18]
|
Encontro das canoas. Cururu, folia do Divino.
Apresentações artísticas. Banda. Foguetório. Procissão. Irmandade do Divino.
Alvorada. Revoada de pombos.
|
Pirenópolis/GO
|
Alvorada da novena com a banda de couro (conjunto
de tambores). Banda. Sinos. Missa e procissões. Mastro e fogueira. Mordomo da
fogueira, da bandeira e do mastro. Imperador. Cavalhada. Congo, folias do
Divino, pastorinhas, tapuios, vilão. Juizado de São Benedito e reinado de
Nossa Senhora do Rosário (comemorada junto). Rei e rainha do Rosário, de S.
Benedito, juízes de vara, ramalhete, cordão, flores (1º a 3º graus).
|
Goiás/GO
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Folia. Novena solene. Imperador, alferes da
bandeira, capitão de mastro. Serenata do Divino. Visita musical ao imperador.
Mastro. Banda. Congos, tapuios. Alvorada com banda e missa festiva. Imperador
escoltado com banda. Distribui-se santinhos e estampas. Fogos. Comes e bebes.
Procissão luminosa.
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Alcântara/MA
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Caixeiras do Divino. Mastro. Doçaria típica (doces
de espécie). Mordomos. Visitas musicais ao imperador.
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São Paulo/SP
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Folias do Divino. Império: barracas, pau de sebo,
leilões, baile, ceia, desafios de violeiros, fogueiras.
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Carazinho/RS
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Imperador e pagens tem trono decorado na igreja. A
insígnia que o imperador guarda durante o ano vem processionalmente para a
igreja na abertura da novena e aí fica durante seu transcurso. Ao fim da
festa, a insígnia é levada para a casa do novo imperador, em procissão, onde
rezam no tempo certo um terço. Um almoço de confraternização finaliza.
|
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
[1] - PELLEGRINI, Ilza de Paula. Festa do Divino em
Portugal e no Brasil. Leitura, S.
Paulo, 9(98) jul.1990.
[2] - Citada por Riolando Azzi. O Episcopado do Brasil frente ao Catolicismo Popular. Petrópolis:
Vozes, 1977.
[3] - LUNA, Francisco Vidal, COSTA, Iraci Del Nero
da. Minas Colonial: economia e
sociedade. (Apud TINHORÃO, José
Ramos. As Festas no Brasil Colonial.
São Paulo: 34, 2000. 176 p.il. p. 138-9).
[4] - Nessa
cidade paulista o dado foi levantado no Livro Tombo da Matriz, folha 5, por
Lucilla Hermann, in: Evolução da
Estrutura Social de Guaratinguetá num Período de Trezentos Anos. Revista de Administração,
mar./jun./1948, n. 5-6. p. 49 (apud
Alceu Maynard Araújo, op.cit).
[6] - Conforme Reginaldo Gil Braga, em grupo de
trabalho no XII Congresso Brasileiro de Folclore, 2006, Natal/RN.
[7] - A mesa
do inocentes ocorre em outras partes do Brasil como pagamento de promessa. Outro processo ritual corrente
no país é a mesa dos cachorros (PA, RN, MG), onde uma toalha com pratos de
refeições é posta no chão e ofertada a vários cães como pagamento de promessa a
São Lázaro, geralmente contra feridas incuráveis que cicatrizaram
milagrosamente por obra deste santo.
[8] - Muitas informações sobre esta tradição
noTocantins me foram pessoalmente fornecidas nos anos 2000 e 2001, pelo
folclorista Francisco Pitombeira de Freitas, então Presidente da Comissão
Tocantinense de Folclore, a quem agradeço pela gentileza e confiança.
[9] - Sobre a Festa do Divino no Maranhão, onde é
célebre, ver: LIMA, Carlos de. Festa do
Divino Espírito Santo em Alcântara. São Luís. 1972. 40 p.
LIMA, Roldão de. Festa do Divino em Alcântara. O Estado do Maranhão, São Luís, maio/1976.
VIEIRA FILHO, Domingos. As
Festas do Divino Espírito Santo. São Luís. 1954.
[10] - Em Vera Cruz/RN, notei uma festa litúrgica em
26/11/1997, que tinha entretanto um mastro de ferro com uma bandeira do Divino
nele hasteado, na praça fronteiriça à matriz.
[11] - Ver: DO VAL, Anamaria. Divina e profana. Globo Rural (revista), Rio de Janeiro,
Globo, n. 155, set./1998.
[12] - Informações pessoais gentilmente cedidas pela
folclorista Marlei Sigrist, em 1996 e 1999, a quem agradeço. Em setembro de
2006, expôs no Congresso de Folclore realizado em Natal, onde passou
informações importantes sobre as tradições sul-mato-grossenses, inclusivo
acerca do Divino.
[13] - Baseado em Heribaldo Lopes Balestrero, Subsídios para o Estudo da Geografia e da
História do Município de Viana.
[14] - Sobre a Festa do Divino fluminense ver: DUQUE,
M. de Paula. Festa do Divino em Parati. Boletim
da Comissão Fluminense de Folclore. Rio de Janeiro. 1970. n. 3. p. 25-26.
LAMAS, Dulce Martins. Festa do Divino: Angra dos Reis. Revista Fluminense de Folclore. Rio de
Janeiro: CDFB / FUNARTE, jan./1964. n. 1.
LIRA, Mariza. Migalhas
folclóricas. Rio de Janeiro. 1951.
[15] - I LIVRO COLETIVO DE NOVO CRUZEIRO.
N.Cruzeiro: COENA, [s.d.]. p. 6-7.
[17] - Ver: RIBEIRO, Paula Simon. Festa do Divino /
BRAGA, Reginaldo Gil. Folclore Musical do Espírito Santo: Folia do Divino em
Osório. In: AGRIFOGLIO, Rose Marie
Reis (org.). Contribuições
luso-açorianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Comissão Gaúcha de
Folclore, 2002.
[18] - Sobre a Festa de Tietê ver: PELLEGINI FILHO,
Américo. O Divino em Casa, na Rua e no
Rio. Osaka (Japão): Américo Pellegrini Filho / Hirochika Nakamaki, 1994.
Senri Ethnological Reports 1 / National Museum Of Ethnology.
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